sábado, 22 de outubro de 2016

EDUCAÇÃO INCLUSIVA X PERTENCER AO GRUPO - DOIS ASSUNTOS COMPLEXOS PARA SE ENTENDER

Depois de um longo período sem escrever para o meu blog de Inclusão, aqui estou eu com um novo texto para todas as pessoas que tem acompanhado a minha jornada e minhas histórias.
Uma amiga essa semana me perguntou: Por que você parou de escrever para o blog? Como todos sabem todos os meus textos são escritos e criados a partir de vivências que tenho, essa é a minha verdadeira referência bibliográfica, MINHA VIDA. 
Qual seria a graça de escrever textos sobre Inclusão baseada em teorias e termos técnicos dos quais tenho algum conhecimento e que me deixam "robotizada"?? Para quem tem um arquétipo forte de "fora da lei", roteiros não servem para muita coisa. Não sei seguir script, não sei ficar presa a conteúdos técnicos e estatísticos.
Sendo assim, os textos só estarão presentes no blog quando traduzirem com clareza 100% do meu EU, quando as minhas vivências me trouxerem inquietações. O texto de hoje fará vocês refletirem e quem sabe enxergarem a Educação Inclusiva de uma maneira diferente. 
A ideia aqui não é dizer que ela existe e é perfeita nos moldes de hoje, até porque isso não é verdade. Quero propor a vocês que tentem se colocar em dois papéis: o da pessoa com deficiência e o do educador. Consigo me ver dos dois lados, pois vivi e vivo isso com frequência e talvez a minha visão seja de maior amplitude de uma pessoa que não tem deficiência.
Eu sou uma pessoa que desde pequena sempre gostou de novos desafios, de propor a si mesma novas metas e obstáculos a serem vencidos, e já tem quase dois meses que me desafiei a fazer algo que nunca tinha feito antes na vida: AULA DE DANÇA CIGANA. 
Acho essa dança bárbara, e desde quando fazia danças circulares na faculdade fiquei fascinada pela cultura, pelas músicas.. Só que uma coisa é você dançar em roda, outra é você dançar sozinha.. Pois é, você descobrir que tem que haver um mix de movimentos dos pés, das mãos, do quadril, e tem que ter SENSUALIDADE. Oiiii???? É muita coisa para uma pessoa só, e vou dizer para vocês que é lindo quando você faz tudo isso junto.. 
Pois bem, chegamos ao tema do nosso texto: EDUCAÇÃO INCLUSIVA X PERTENCER AO GRUPO. A turma de dança é formada por 9 alunas, e ninguém ali é dançarina profissional a não ser nossa professora que dispensa comentários.. Esse é o cenário, você se propor a dançar e entender que ali é um momento para aprender de forma descontraída. 
Isso é lindo na teoria, só que na prática a história é completamente diferente. Eu tenho sequelas motoras em função da hidrocefalia, e a minha coordenação motora do lado direito é pouca. Vamos tentar fazer a troca de papéis?? Imagine que você precisa fazer qualquer atividade motora, só que só poderá usar as mãos ou os pés que você não tem muita coordenação. O movimento até sai, só que não da maneira que deveria ou que você gostaria que fosse, não é verdade?
Como fazer para que uma pessoa com deficiência, seja numa aula de dança, seja na sala de aula, ou em qualquer atividade não se sinta excluída do grupo?? Vou falar para vocês que tem aula que saio bastante incomodada, e não com as meninas e nem com a professora.. Incomodada por não acertar os movimentos, e as vezes ficar 5 minutos parada para entender onde incomoda.
A complexidade é gigante quando se trata de Educação Inclusiva pelo simples fato de que nossos professores não sabem como agir em determinadas situações. Trocaremos de papel novamente, e agora vocês serão os educadores: Imaginem que vocês tem uma turma com 15 alunos e desses 15 vocês tem 3 que tem deficiência. Darei a vocês duas alternativas: 1- Fazer atividades adaptadas, diferente dos outros 12, para que eles participem da aula e se sintam incluídos. 2- Dar a mesma atividade para toda a sala e auxiliar os 3 alunos com deficiência, criando meios para fazer com que o foco seja o potencial deles e não a deficiência. 
É uma decisão que esse educador tem que tomar, e que não é fácil. Cada deficiência tem a sua complexidade, e como sempre digo: DIAGNÓSTICO NÃO É DESTINO. Para o EDUCADOR o correto é OLHAR para esse aluno e voltar o FOCO para o POTENCIAL que ele tem, e NUNCA para a DEFICIÊNCIA. 
Toda PESSOA COM DEFICIÊNCIA seja esta ADQUIRIDA ou CONGÊNITA terá sempre o DESEJO de PERTENCER A UM GRUPO. A busca pela PERFEIÇÃO é algo que faz parte do NOSSO PERFIL, pois a SOCIEDADE insiste nessa teoria de que por SERMOS DIFERENTES estamos FORA DOS PADRÕES. 
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA só irá existir quando A SOCIEDADE entender de uma vez por todas que:

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NÃO SÃO DIFERENTES, ELAS FAZEM A DIFERENÇA!!!!!


domingo, 24 de janeiro de 2016

TRABALHO NA ÁREA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

E aqui estou eu, de volta ao meu blog... O que vocês, meus seguidores, poderão esperar para os textos de 2016?? Posso dizer que bons textos com temas sobre a Inclusão Social, mas esse ano vocês terão a oportunidade de ler textos voltados para a área de Educação Especial.
A ideia é fazer um paralelo entre vivências do meu dia a dia, com as vivências do dia a dia da minha turminha da Associação Conviver. Já tem um tempo que venho amadurecendo essa questão e vamos ver no que vai dar. Espero que consiga trazer a todos os meus seguidores / leitores um pouquinho mais sobre o trabalho dentro da área de Educação Especial.
Feliz Ano Novo, galera!!! Tenham todos uma ótima leitura!!!
Para dar início a esse texto, vou começar dizendo que o ano de 2015 me trouxe gratas surpresas dentro da Educação Especial, onde eu retornei meus trabalhos a convite da minha amiga e coordenadora da Associação Conviver, Silvana, e o que de início era para ajuda-la a desenvolver um projeto, acabou sendo o começo de uma jornada de trabalho dentro da minha área de formação que é a Psicologia.
Mergulhei de cabeça em tudo o que fiz dentro da Associação, e não me arrependo de nada que tenha feito, pois sei que tudo o que fiz foi por AMOR. Não vou me estender a detalhes, pois esse não é o foco desse texto. Agora, vamos pegar esse gancho e refletir por alguns minutos: Quais os fatores que levam as pessoas a trabalhar com a área de Educação Especial?
Acredito que alguns de vocês, em algum momento já deve ter se questionado a respeito disso, não é verdade? Das pessoas que conheço e que conheci recentemente, que atuam dentro dessa área encontrei algumas possibilidades :]

- Ter algum tipo de deficiência
- Ter algum parente ou amigo quem tem deficiência
- Ter feito algum trabalho dentro dessa área e ter se identificado

Evidente que devem existir uma série de outros fatores que tenham feito com que outras pessoas se apaixonasse por essa área que precisa demais de profissionais que amem o que fazem.

"Profissionais que amem o que fazem"..

Frase bonita quando se lê, não é verdade? É uma pena que nem sempre essa frase é verídica.. e tem gente usando ela de forma inapropriada. Na área da Educação Especial, essa frase NUNCA pode servir como uma MÁSCARA, uma falsa ideia para posar de excelente profissional..
Nesse exato momento, estou vendo a imagem de muita gente fazendo cara de espanto, ou torcendo o nariz para o que acabei de escrever.. Esqueci de dizer que apesar de estarmos em um novo ano, vou continuar polemizando muitas questões em meus textos. Afinal, essa é a principal característica de muitos dos meus textos.
O trabalho dentro da área de Educação Especial te exige dedicação o tempo inteiro, e não vá pensando você que esse trabalho é só atuar alguns dias ao lado de pessoas com deficiência, e posar para fotos. Aliás, se você tem essa visão é melhor esquecê-la, pois quando digo "AMAR O QUE FAZ", falo de entrega, de fazer de tudo um pouco.
Costumo dizer que quem entra nessa área se vira do avesso, por mais que esse profissional tenha sido contratado para atuar em determinada atividade.
Cada profissional, estagiário ou voluntário que escolho a área da Educação Especial tem que ter em mente que a prioridade não somos nós, a prioridade são nossos alunos. Nesse ponto, gosto muito de sempre lembrar uma fala da Silvana, quando ela diz que na nossa Associação não existem alunos, e sim grandes amigos. E com essa visão, nós sempre tivemos um grande diferencial.
Para quem pensa em um dia ingressar nessa área, vá em frente. Mas lembre-se que trabalhar com crianças, jovens e adultos especiais, é algo muito valioso, e que só descobre esse valor aquele que se entrega de corpo e alma, sem luxos e sem prepotência.

"A área de Educação Especial trouxe de volta a minha vida a vontade de querer seguir em frente. Talvez esse seja o meu maio DOM, já que todo mundo tem um. Dessa área não sairei nunca mais, pois tenho certeza de que nela poderei plantar muitas sementes e colher lindos frutos. E eu sou uma pessoa que descobriu na Educação Especial, na Associação Conviver que: AMA O QUE FAZ.