sábado, 29 de agosto de 2015

COMO NÃO FAZER DA SUA DEFICIÊNCIA UMA MULETA?

Sabe aqueles dias em que você espera tanto por uma conversa com uma amiga, que você quer dividir assuntos que vão ser passíveis de boas discussões e que você sabe que vai ouvir coisas que já te disseram milhões de vezes, mas que nunca foram colocadas em prática. Pois é, hoje foi assim.. 
Posso dizer que foram as melhores horas da minha vida, de verdade.. poderia ter ficado muito brava, ter retrucado, xingado, mas se fizesse isso perderia a razão.. E sabe o por quê?? Porque tudo o que eu ouvi foi dito com amor e a mais pura verdade.
É uma verdade que causa uma certa dor, que me leva as lágrimas, mas não por ser algo que me agrida física e emocionalmente, e sim porque eu sei que a minha postura de "vítima" em determinadas situações me breca em muitas ações.
Chegamos então no assunto do texto: Como não fazer da sua "DEFICIÊNCIA" uma muleta? Confesso a vocês caros seguidores, que nem eu sei responder essa questão.. Aos 31 anos isso é uma grande dificuldade.
Falo em dificuldade, pois algumas situações que acontecem em minha vida, eu associo imediatamente a minha deficiência, a minha pequena dificuldade motora.. Coisas como: derrubar um copo, cair na rua, escorregar na banheira do quarto de um hotel.
Como diriam algumas pessoas: QUEM NUNCA? Associar essas situações a sua limitação, a sua deficiência.. Isso para mim é algo que automático. Mas eu não sei dizer o porque desse comportamento, e se soubesse não repetiria os mesmos erros.
Vou lincar esse texto com um outro do blog, onde falo do olhar do outro, de como o outro olha para aquele que é diferente, que tem deficiência. Não estou querendo achar justificativas para as minhas ações e comportamentos, mas acho que vale a reflexão daqueles que acompanham o blog e que conhecem um pouco da minha história.
Pessoas que me conhecem de verdade, tem total liberdade para falar boas verdades, ou como disse essa minha amiga, "bater a real" sobre minhas ações e atitudes. Pois essas eu sei que se estiverem comigo, nessas situações, vão é rir da minha cara, e falar: Eita, lá vai a Robertinha roubar a cena de novo.
Mas algumas vezes é bem complicado você ter uma postura de não associar o acontecido a sua deficiência, pois os ÚNICOS OLHARES são de pessoas que vivem em uma sociedade em que a única frase que você vai escutar é: "Ajuda ele, ele é deficiente"; ou ainda: "Derrubou porque ele tem deficiência e não consegue se virar sozinho".
E aí, eu digo com toda a sinceridade do Mundo. O que seria de mim, sem essas amizades que me cobram sempre uma mudança de postura e atitude? Eu realmente não seria nada!!
É uma tarefa complicada pelo menos para mim, esse lance de não fazer da deficiência uma muleta, com base nesses episódios citados acima. Mas tenho tentado me policiar sempre.. 
Hoje as palavras da minha amiga bateram forte, me deixaram com um nó na garganta, me fizeram chorar.. Mas me deram a certeza de que essa amizade vale a pena, pois ela mais uma vez mostrou que É AMIGA DA ROBERTA E NÃO DA DEFICIÊNCIA QUE ELA TEM.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

PSICOLOGIA - TRILHANDO NOVOS CAMINHOS

A vida as vezes toma rumos inesperados. Esse ano de 2015 começou da melhor maneira possível, e para falar a verdade as mudanças começaram a acontecer no final de 2014. Depois de 10 anos voltar ao local que serviu como uma inspiração de vida e descobrir que ali se inicia a sua trajetória como Psicóloga, não há sensação mais gostosa. 
Quando eu cheguei na Associação Conviver, estava no início da faculdade e fui para lá realizar um trabalho como voluntária com jovens e adultos com deficiência mental. Precisei sair do trabalho de voluntária pois havia arranjado meu primeiro emprego, e não conseguiria conciliar as duas coisas. Isso me deixou muito chateada, pois trabalhar com pessoas tão especiais, me fez ter uma outra visão sobre a minha deficiência. Mas a verdade, é que esse vínculo criado nunca se quebrou, e mesmo distante sempre mantive contato.
Passaram-se 10 anos e para a minha surpresa, no final do ano passado recebi um convite da Coordenadora da Associação para retornar e iniciar a elaboração de um projeto, e sem pensar duas vezes aceitei o convite. Fazem 6 meses que retomei as atividades com a turma, e nesse período tive uma grata surpresa da Coordenadora Silvana, que acreditou no meu potencial e me permitiu iniciar também o trabalho na minha área de formação, área que amo que é a Psicologia.
E o que era para ser um projeto, se desmembrou em vários. Cada dia estou me envolvendo mais, me apaixonando mais, e sempre muito pilhada e motivada. Aprendizado nunca é demais, e com a minha turminha sempre aprendo coisas novas.
Tudo fica mais fácil quando você tem o apoio de um outro profissional da mesma área. Minha relação com a Silvana sempre foi muito boa, e de muito respeito e cumplicidade. Trocamos experiências diariamente, e descobrimos alguns pontos em comum: o AMOR pela Psicologia, e o AMOR pela Inclusão Social.
A menina que a 10 anos atrás era voluntária, hoje é Psicóloga na Associação Conviver. O que mudou nesse longo período? Acho que hoje amadureci bastante, estou mais focada no que eu quero, e tenho a certeza absoluta que trabalhar com pessoas com deficiência é o que realmente me dá prazer e me faz feliz. 
Mais uma vez Papai do Céu colocou no meu caminho, na minha vida profissional um ANJO DA GUARDA. Seu nome: Silvana.  Minha parceira de trabalho, minha amiga, pessoa que admiro e respeito demais. Pouco sei da sua história de vida, já ela sabe muitas coisas da minha história, da minha vida. 
Em 6 meses já rimos e choramos juntas muitas vezes, mas entre risos e lágrimas temos uma única certeza: NOSSOS CAMINHOS SE CRUZARAM POR UM MOTIVO MUITO ESPECIAL, QUE É BRIGAR PELOS DIREITOS DOS NOSSOS MENINOS E MENINAS.

"Quando se ama o que faz, tudo fica mais fácil. Se permita sonhar e acreditar, afinal: SONHO QUE SE SONHA JUNTO, É REALIDADE".

INCLUSÃO - ANTES DE FALAR QUE VOCÊ FAZ, É PRECISO ENTENDER O CONCEITO.

É tão incomodo você ouvir relato de pais de pessoas com deficiência, e descobrir que você também já ouviu e ouve isso de pessoas em qualquer lugar que você vá.. Uma mãe que ouve a frase: "Nós não trabalhamos com esse TIPO de criança". Isso é doloroso, é um soco na boca do estômago. Sinceramente, essa história de que falta conhecimento, de que a sociedade não está preparada, virou muleta pra muita gente..
Esse novo quadro do programa do Fantástico, apresentada pelo Doutor Drauzio Varella, que leva o título de "Qual é a Diferença?" vem para mostrar um pouco da rotina das pessoas que tem Síndrome de Down e de seus familiares. Confesso que to vidrada em cada história contada, mas ao mesmo tempo um tanto quanto indignada e perplexa com algumas histórias apresentadas. 
O que está sendo apresentado, não é EXCLUSIVIDADE de uma pessoa com Síndrome de Down. Não é preciso ir longe para encontrar outras pessoas com outras deficiências, que passaram ou passam pelo mesmo tipo de constrangimento, ou pelas mesmas inseguranças. Eu posso falar com propriedade que nos dias de hoje ainda vejo e vivencio situações que me incomodam demais.
A minha deficiência não me deixou grandes sequelas, e hoje aos 31 anos já estou formada e desenvolvendo trabalhos na minha área de formação, que é a Psicologia. Mas falando assim, poucos sabem da minha real trajetória de vida, das minhas barreiras vencidas, das minhas angustias, meus medos. Muito do que conquistei hoje foi graças ao apoio e persistência dos meus pais, que sim, já ouviram "NÃO PODEMOS MATRICULAR SUA FILHA AQUI", mas que NUNCA desistiram de brigar pelos meus direitos.
O que mais me preocupa são os rumores de que as ESCOLAS ESPECIAIS poderão ser extintas.. E a pergunta que faço é: para onde vão as crianças que são atendidas por essas escolas?? Para as ESCOLAS DE ENSINO REGULAR?? E como será feita a capacitação desses professores??
Na minha humilde experiência de vida, eu posso dizer que a EDUCAÇÃO INCLUSIVA tem muito a ser melhorada para ser algo de exemplo.. Se você me perguntar se ela dará certo, quem sabe daqui a alguns anos. Hoje é algo muito no início, e que precisa de muitas melhorias.

"Falar de Inclusão virou "modinha". Todo mundo acha lindo e adora falar que faz, mas são POUCOS aqueles que sabem aplicar o verdadeiro conceito da palavra".