quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O MEDO E A VERGONHA SOBRE A INCLUSÃO SOCIAL

Já não é de hoje que venho reparando na reação das pessoas quando o assunto é INCLUSÃO SOCIAL. O que há de tão horrível, o que duas palavras podem fazer a uma pessoa?
É engraçado dizer, mas se fosse qualquer outro assunto como por exemplo futebol, novela, reality show tenho absoluta certeza de que não faltariam pessoas ao meu redor para discutir sobre o assunto.. Ninguém é obrigado a falar sobre o que não deseja, ou que lhe causa um certo desconforto, mas isso me incomoda bastante, saber que falar de inclusão social causa total desconforto nas pessoas. Qual o problema de se falar sobre algo que na teoria é lindo, é maravilhoso, causa uma ótima impressão para a sociedade, e na prática nada disso funciona como deveria?? Qual o problema de concordar ou discordar de atitudes, e lutar por uma causa que direta ou indiretamente pode estar relacionada a você??
Sinceramente, eu definiria esse medo com uma outra palavra: VERGONHA. Vergonha de bater de frente com o problema que é do outro, vergonha de dizer que você não apoia a discriminação e a falta de respeito das pessoas, vergonha de encarar a intolerância da sociedade, e por que não vergonha de si próprio por ter vontade de agir e não ter coragem de enfrentar o que a vida lhe apresenta.
Talvez seja exatamente por isso que nós, pessoas com deficiência, nos sentimos tão acuados, sem ter para onde e para quem correr, pelo simples fato de que o MEDO da inclusão e a VERGONHA de brigar pelo o que é certo, estão presentes de forma constante na vida de muitas pessoas.

INCLUSÃO MUITO PRAZER, EU EXISTO

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

UM DESABAFO...

Por quê será que é tão dificil tratar bem uma pessoa com deficiência? Sinceramente eu não sei responder essa pergunta, e nem sei se realmente existe uma resposta exata para ela.
Mas uma coisa é fato, querer que as pessoas entendam a sua revolta por uma questão que não é nenhuma novidade, é pedir demais. Eu sempre disse que só é possível compreender uma dor, uma revolta, uma alegria, quando se é o personagem principal.. Caso contrário você sempre vai ouvir e dizer as mesmas coisas que são verdades de quem não vivenciou esse momento.
Já passei por várias situações, já briguei, já chorei mas vez ou outra me deparo com situações de pessoas que assim como eu têm alguma deficiência, e não me conformo com o comodismo das pessoas de ver a coisa acontecer e ficar de braços cruzados sem fazer nada.. Caramba gente, será que não dá para colocar a mão na consciência e ajudar alguém que não está tendo a atenção que merece?
Até hoje eu não sei qual a função desses caras que usam os coletes do metrô.. Cambada de morto que tem medo de enfrentar o povo e dar prioridade as pessoas que precisam.. E se fosse só no metrô estava bom, porque em qualquer lugar é a mesma coisa.. Você fala para o cidadão: Olha, aquela pessoa é deficiente, tem priooridade.. Ele olha para as pessoas na fila gigantesca e te responde: Você quer que eu faça o que? Que eu apanhe de toda essa gente? Tá de brincadeira, né?
E tudo isso acontece porque quando alguém resolve dar a cara a tapa, as pessoas se omitem, fingem que nem te conhecem, mandam você ficar quieto.. Sociedade de gente medrosa, de pessoas covardes.. Queria ver se a pessoa com deficiência fosse alguém da família dessas pessoas, ou até essas pessoas.. Falar é fácil minha gente, quero ver passar pela mesma situação de cabeça erguida, sem se quer derramar uma lágrima, sem ter medo, sem sofrer com o descaso da sociedade..

"NÓS NÃO QUEREMOS SER TRATADOS COMO COITADINHOS, MUITO MENOS COMO INVÁLIDOS. QUEREMOS APENAS RESPEITO POR QUEM SOMOS, E DIREITOS IGUAIS AOS DE TODA A SOCIEDADE."

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

IMPOTÊNCIA

Há certos momentos em minha vida em que a palavra impotência se faz presente. Para ser sincera nem sei qual o significado correto dessa palavra, só sei que me remete ao fracasso, ao não poder exercer certa função sem cometer falhas, a não poder fazer coisas simples sem necessitar da ajuda do outro.
Para muitos de vocês que lêem esse texto agora, pode parecer algo banal, sem nenhum fundamento, mas mais uma vez me atrevo a dizer que só quem passa por determinadas situações é capaz de saber o quão grande é a dor de querer fazer certas coisas e não poder pois as limitações não querem deixar.
Quando uma criança pequena cai sem mais nem menos, a primeira coisa que nós adultos fazemos é dizer: "Levanta, não foi nada". Mas jamais paramos para pensar nos sentimentos daquela criança, que tentou se virar sozinha e por um descuido fracassou.
Já fiz parte dessa cena inumeras vezes, de cair porque tentei me virar sozinha, mas por ter limitações relacionadas ao equilibrio, acabei caindo. A diferença é que já não sou mais criança, e além da dor, me vem o sentimento de impotência, pois tenho a sensação de que para certas coisas sempre precisarei do auxílio de um adulto.
Queria muito poder um dia, fazer determinadas atividades sem ter a necessidade de esperar que alguém me auxilie, como caminhar na areia fofa, andar por caminhos irregulares, ir aos restaurantes e ter o prazer de me servir sozinha mesmo que eles não tenham bancadas para apoiar os pratos.
Não estou desmerecendo o auxílio, a ajuda das pessoas que sempre estão comigo, o que me refiro é ao sentimento de impotência que sinto quando o outro presencia alguma "falha" minha. O olhar do outro me machuca, me destrói, pois é um olhar de julgamento, como quem diz: "Caiu porque é deficiente". Muitos de vocês podem dizer que não é bem assim, mas como disse anteriormente, só quem vivencia é que pode medir o quão maldoso pode ser o olhar do outro, pois grande parte da sociedade infelizmente não está preparada para a inclusão social.

UMA RELAÇÃO ESPECIAL: LIÇÕES E HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO DOS PAULISTANOS QUE TÊM FILHOS COM DEFICIÊNCIA

MEU FILHO, MEU HERÓI: AS EXPERIÊNCIAS DOS PAULISTANOS QUE SÃO PAIS DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA

Por volta das 9 da manhã do dia 29 de novembro de 2004, o desenhista Flávio Soares chegou ao hospital e maternidade Modelo Tamandaré, na Liberdade, para aguardar o nascimento do seu primeiro filho, Logan. Cerca de cinco horas depois, viveria um dos momentos mais desesperadores da sua vida ao ser chamado a um canto do corredor por uma pediatra para receber a notícia de que a criança tinha Síndrome de Down. "Foi, possivelmente, a única vez em que perdi totalmente o controle do meu corpo, tremi da cabeça aos pés e chorei muito", lembra. Àquela altura, não fazia a menor idéia do que era a doença e sentia um medo enorme do futuro. Essa sensação foi esquecida a muito tempo. "Chega uma hora em que os problemas ficam em segundo plano e você se concentra nas necessidades da criança e no potencial que ela pode desenvolver", diz Soares.
Essa é uma história recorrente entre as centenas de homens e mulheres que têm filhos com deficiência em São Paulo. O drama inicial é substituído, aos poucos, pela constatação de que alguns obstáculos e dificuldades são bem menores do que os pais haviam imaginado a princípio. "Eles percorrem o que chamamos de 'cinco fases do luto': negação, raiva, negociação, depressão e aceitação", explica a psicóloga Iracema Madaleno, da Associação de Assistência à Criança Deficiente. "O tempo necessário para atingir o fim desse ciclo varia de pessoa para pessoa, mas todos acabam chegando lá."
São pais que orientam, apoiam e vibram com as conquistas de seus rebentos. "Não vejo meus garotos como deficientes, eles são iguais aos outros, o tratamento é o mesmo", palavras de Luis Fernando, pai de um  casal de gêmeos de 7 anos: Juliana, que tem má-formação da coluna, e Fernando, com paralisia cerebral.
Apesar das dificuldades, os pequenos, muitas vezes, acabam se tornando guias de seus pais.

*Texto extraído da Revista Veja de 17 de agosto de 2011.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A MAIS PURA VERDADE

Trabalhar com pessoas com deficiência, é sem dúvida algo muito especial. Quando se tem a oportunidade de trabalhar com elas você muda o seu jeito de ser, pois:

você não julga, você aprende.

você não grita, você escuta.

você não compara, você se iguala.


Isso me traz a certeza de que a frase a seguir faz todo o sentido:

"SER DIFERENTE É NORMAL"

segunda-feira, 23 de maio de 2011

OLHOS AZUIS: UMA REALIDADE VIVENCIADA ATRAVÉS DE UM WORKSHOP


Discriminação, preconceito, desrespeito. Conhecemos muito bem todas essas palavras e sabemos o peso que elas trazem quando discutidas em um tema bastante popular nos dias de hoje dentro da sociedade, denominado de inclusão social.
Mas como seria a reação das pessoas que não sofrem nenhum tipo de discriminação dentro da sociedade se fizéssemos um experimento e invertêssemos os papéis? Foi exatamente isso que fez Jane Elliott, uma professora norte-americana e grande ativista do anti-racismo, em um workshop realizado nos EUA com um grupo de pessoas que se inscreveram para participar da palestra sem saber ao certo o que exatamente aconteceria, para descobrir como elas reagiriam a uma situação de discriminação.
Dentre as pessoas que participavam do workshop havia negros e brancos, onde sem dizer o que iria acontecer Jane selecionou 17 pessoas entre homens e mulheres todos brancos e de olhos azuis que ficariam trancados em uma pequena sala sem nenhuma ventilação e com apenas três cadeiras para se sentarem, em um período de 2 horas e 30 minutos.
Enquanto estavam trancados na sala, Jane estava observando o comportamento deles em outra sala com o restante das pessoas que foram participar do workshop. O objetivo era dar às pessoas brancas e de olhos azuis a oportunidade de saber como é não ser branco nos EUA, e fazê-los colocar os “sapatos” de uma pessoa negra por um dia. Para isso essas pessoas eram rotuladas com base apenas na cor dos olhos, utilizando todos os rótulos negativos usados contra mulheres, pessoas de cor, pessoas com deficiência física, gays, lésbicas e todas as outras que sejam diferentes fisicamente.
O resultado desse experimento foi surpreendente e ficou claro que quanto mais aceitamos os rótulos que a sociedade nos coloca, mais nos sentimos incapazes e inferiores.
É inexplicável o fato de sermos tão omissos a determinadas situações. Por que não conseguimos nos impor e agir sobre todas as ações que consideramos erradas e inadequadas? Por que temos medo de nos envolver no que diz respeito à dor do outro?
Para grande parte da população que não sofre com o preconceito e que está sempre incluída em um grupo é muito mais fácil não se envolver e apenas dizer: Eu não fiz isso, e, portanto não sou o responsável”. Isso é um fator decisivo para a manutenção de um mal chamado de preconceito, pois não fazer nada é apenas dar aprovação para os que praticam esse ato.
Vivemos em uma sociedade em que muitas vezes muitas pessoas não se preocupam com o bem estar do outro, mas com as conseqüências que um ato discriminatório possa ter. Vou ajudar aquela pessoa com dificuldade não porque eu quero incluí-la na sociedade, mas sim porque se eu fizer algo que possa causar algum dano, ela pode me processar.
A sociedade pode muitas vezes manipular as pessoas em muitos aspectos, sejam eles prejudiciais ou não ao outro. E por esse motivo o individuo que não se enquadra aos padrões dessa sociedade, sociedade em que você precisa ter certas condições para fazer parte de um grupo, aprende a aceitar para ser aceito submetendo-se a opressão. Tudo isso porque infelizmente esse indivíduo tem a crença de que ao aceitar, é possível se sentir mais a vontade livre da forte pressão diária. E infelizmente essa aceitação acontece, pois a humilhação do outro não incomoda a sociedade, se incomodasse, essa humilhação teria fim.
O experimento realizado por Jane é muito verdadeiro, pois se pegarmos qualquer ser humano que não tenha nenhuma limitação e passarmos a rotulá-lo como alguém incapaz ou inferior, em poucos minutos ele vai se tornar alguém extremamente desconfiado sobre esse rótulo e vai se sentir ameaçado. É justamente isso que vemos presente a todo o momento na sociedade, pessoas sendo rotuladas e sem forças para lutar contra isso porque infelizmente elas não têm um grupo ao seu redor que possa acolhê-las e brigar por uma causa nobre denominada inclusão.
Infelizmente nós vivemos em uma sociedade onde é mais fácil se omitir do problema do outro, do que ajudá-lo a enfrentar. Não lutamos, não brigamos pela causa do outro porque temos medo de sermos excluídos. Mas e quando essa causa é nossa, será que o outro irá nos ajudar?
Cada vez que ficamos em silêncio e nos omitimos, damos força ao que chamamos de preconceito, pois o silêncio dá força aos opressores.
Fica muito claro que todos nós temos uma lição a ser aprendida: O que nos faz iguais é que somos, todos, diferentes uns dos outros. De onde vem o medo de ser diferente? Por quê tanto silêncio?

*Texto criado para o blog de Angie Chalas.

domingo, 22 de maio de 2011

O QUE É A HIDROCEFALIA?


Para quem tiver a curiosidade de saber o que é a hidrocefalia, é só assistir ao vídeo. Nele é mostrado passo a passo o que é a hidrocefalia, e como ela é tratada. A hidrocefalia pode ser congênita (desde o nascimento) ou adquirida (ocorrer após o nascimento).
Tenho hidrocefalia desde que nasci, e em função dessa hidrocefalia ocorreu uma hemeparesia do lado direito do corpo, ou seja, o lado direito reproduz os movimentos de maneira mais lenta.

Espero que gostem do vídeo

AS APARÊNCIAS MUITAS VEZES ENGANAM


Quem nunca assistiu a esse video, e pensou que o texto descrito era referente ao menino que não tem a Síndrome de Down?
Temos que tomar muito cuidado com o que dizemos sobre a pessoa que tem alguma deficiência, alguma limitação, porque ao contrário do que podemos pensar, elas são capazes de fazer qualquer atividade, e muitas vezes não dão uma lição de moral..
Não julgue as pessoas sem ao menos conhecê-las, não diga que uma pessoa não é capaz de fazer isso ou aquilo só porque ela têm alguma limitação. Limitações todos temos, e nem por isso devemos ser rotulados de incapazes.
A pessoa com deficiência, não é melhor nem pior do que as outras pessoas. Ela apenas tem o seu limite, mas assim como qualquer um de nós sabe muito bem o que deve fazer para ultrapassar esse limite e alcançar seus sonhos, seus objetivos.
Veja esse vídeo quantas vezes achar necessário, porque infelizmente em nossa sociedade existem milhões de crianças, adolescentes e adultos que assim como Carlinhos, já sofreram descriminação e não receberam o respeito que mereciam.

ANTES DE JULGAR A PESSOA PELA CONDIÇÃO FÍSICA OU PELAS LIMITAÇÕES QUE ELA VENHA A TER PARA E OLHE NO ESPELHO, PORQUE SE VOCÊ FOR UM BOM OBSERVADOR COM CERTEZA ENCONTRARÁ AS SUAS LIMITAÇÕES, AS VEZES ATÉ MAIORES DO QUE UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

sábado, 21 de maio de 2011

O OLHAR DO OUTRO: GESTOS, FRASES E OLHARES QUE NOS FAZEM SENTIR EXCLUIDOS DA SOCIEDADE

Quantas vezes ao andar pelas ruas vejo o quanto as pessoas reparam as outras, no jeito de andar, de falar, de se vestir. Até eu, as vezes me pego olhando para as pessoas fixamente prestando atenção em cada gesto, cada movimento.
Olhar não tira pedaço de ninguém, não é verdade? As vezes até fazemos alguns comentários com o colega do lado, rimos de situações que parecem ser engraçadas, mas nunca paramos para pensar sobre o que as outras pessoas comentam sobre nós. Será que somos tão impecáveis que não damos chances das outras pessoas fazerem qualquer tipo de comentário?
Agora, vocês já pararam para pensar como é quando nós, pessoas de tanta inteligência, reparamos em uma pessoa que tem algum tipo de deficiência? Quais os comentários? Qual a primeira reação? O que devemos falar? Como devemos agir?
No meu caso, eu já ouvi cada coisa que se fosse escrever nesse texto ficaria até amanhã. Isso porque a minha deficiência não é tão perceptivel. As vezes me pergunto se as pessoas desaprenderam a respeitar o espaço do outro. E olha que encontrar alguém com deficiência nas ruas, é a coisa mais comum do mundo.
Parece até brincadeira, mas as situações mais bizarras eu já vi acontecer desde quem apenas olha, até aquele que olha e ainda solta a frase: Tadinho, deixa ele passar ele é deficiente. Tadinho? Tadinho de quem soltou essa frase infeliz. Na boa gente, respeitar os nossos direitos tudo bem, mas não tem necessidade de espalhar para todo mundo uma coisa que todos já sabem.
Tem gente que na boa intenção de querer ajudar acaba metendo os pés pelas mãos e fazendo tudo errado. Vocês sabiam que nem toda pessoa com deficiência gosta de ser ajudada? Então minha gente, tá na hora de se ligar e só ajudar quando for preciso. A melhor maneira no nos ajudar é prestando atenção nas próprias atitudes.
Segue algumas dicas do que não é legal fazer ao se deparar com uma pessoa com deficiência:
- Retire do seu vocabulário palavras como coitado, judiação, ele é deficiente. Essas palavras são fatais para ter o significado de inferioridade por quem as ouve.
- Antes de oferecer ajuda, pergunte se a pessoa precisa que de alguma coisa. Nem todos gostam de ser ajudados, acham que a ajuda os deixam ainda mais inferiores.
- Evite olhar fixamente para uma pessoa com deficiência. O olhar fixo dá a impressão de que temos algo contagioso, ou que ninguém vai querer chegar perto de nós.

De hoje em diante, ao se deparar com uma pessa com deficiência não se preocupe em fazer comentários. Basta apenas olhar para ela e saber que ela assim como você é um membro da sociedade, e por tanto merece ser tratada como gente, e não como um ser de outro mundo.

domingo, 8 de maio de 2011

A IMPORTÂNCIA DE UMA GRANDE AMIZADE

Quem é que não tem um grande amigo? Aquele que está com a gente em qualquer momento da vida, que só sai do nosso lado quando realmente pedimos e mesmo assim dá um jeitinho de saber o que aconteceu ou como nós estamos.
Nunca havia parado para pensar o quanto uma verdadeira amizade faria sentido em minha vida, o quanto ela seria benéfica para o meu crescimento pessoal e emocional. Até que em vários momentos da minha vida fui percebendo que ter uma grande amizade é realmente essencial, porque com ela eu poderia dividir muitas coisas, poderia contar coisas que não conto para ninguém, e dar risada de muitos acontecimentos.
Mas encontrar grandes amigos, e fazer amizades que duram por um longo tempo não é nada fácil. Existem amizades que duram dias, meses, anos, existem amizades que ficam para sempre e aquelas que são finitas.
Aos 26 anos já tive muitas pessoas que considerei e que ainda considero como grandes amigas. Algumas estão guardadas em meu coração e sempre tenho algo para me lembrar dos bons momentos de amizade, outras acabaram ficando no esquecimento porque não foram tão importantes e não era na realidade uma grande amizade.
Foi por essas idas e vindas de amigos que hoje chego à conclusão de que a amizade não se ganha, se conquista e, não importa a quantidade de amigos, mas sim a intensidade que esta amizade tem, se é realmente um amigo ou apenas um colega.
Quando se têm uma deficiência à necessidade de se ter amigos, parece ser ainda maior, porque temos o desejo de fazer parte de um grupo, precisamos ter amigos para não ficar excluído.
Foram poucos amigos que tive cada um com uma maneira diferente de me tratar, mas sempre tentando fazer com que eu me sentisse parte de um grupo. E foi na época da faculdade que os laços de amizade começaram a se formar, e não posso nunca me esquecer de uma amiga muito querida, Carol, que sempre esteve comigo em cada momento da minha vida. Hoje ela mora em Portugal, mas essa com certeza é uma amizade para toda a vida e eu espero que possa revê-la em breve.
E como já disse anteriormente, para mim o que importa é a intensidade de uma amizade mesmo que esta seja única. Eu nunca pensei que um amigo poderia ser chamado de irmão, mas digo que isso é muito verdadeiro. Tenho uma amiga que conheci em 2008 e que a cada dia tenho a certeza de que tenho uma irmã de coração.
Já falei sobre ela em outro texto, e essa minha amiga Angie é com certeza uma amiga para a vida inteira. Com ela eu divido os meus maiores segredos, falo sobre meus medos, meus sonhos, minhas insatisfações. Conversamos sobre muitas coisas, e sempre que eu preciso, ela está por perto.
E todo esse amparo que tenho quando preciso é recíproco, porque faço questão de sempre estar por perto quando ela precisar de mim. É uma amizade sincera, cheia de carinho, respeito e cumplicidade.
Quando falo da importância de uma amizade, quero dizer que todos nós precisamos ter amigos, não importa a quantidade o que importa é o quanto essa amizade vai acrescentar na sua vida, o quanto ela vai te amparar quando você mais precisar, o quanto ela vai te ajudar nos momentos difíceis, e o quanto ela vai rir com você nos momentos alegres.
Uma grande amizade é um tesouro muito valioso, que com certeza deve ser guardado a sete chaves do lado esquerdo do peito, para que ela dure uma vida inteira e possa sempre ser lembrada com muito carinho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

SÓ POR HOJE

O relógio desperta as 6:30 da manhã, dia frio, chuvoso, mas como todos os dias da semana é hora de encarar a cidade. Tudo parece normal como todos os dias anteriores, mochila arrumada, tudo preparado para mais um dia de muita correria.
Não há a necessidade de se pegar ônibus, para chegar ao destino basta apenas utilizar o metrô. Teoricamente não haveriam grandes problemas, mas a super lotação e a falta de educação de algumas pessoas, são fatores decisivos para grandes problemas. Sentar? Impossível, mesmo tendo um lugar reservado, já que a quantidade de pessoas vai além do que se comporta.
Uma viagem um tanto quando desgastante para se chegar ao serviço as 7:50 da manhã, mas enfim foi possível chegar.
A rotina de trabalho é puxada, com muitas cobranças e metas a serem cumpridas. Às 17:30 é hora de voltar para casa, e o que deveria ser algo de alívio acaba sendo ainda mais stressante. Todos querem ir para casa, e cada um dá um jeito de entrar no metrô da sua maneira, empurrões, xingamentos e por ai vai.
Por fim ao entrar em casa ás 18:05 é um sinal de que aquele dia estava chegando ao final.
Mas é diante de uma rotina como essas, que é possivel pensar em como somos ou em como desejamos ser tratados. E será que paramos para pensar em como tratamos o outro?
É como diz a frase: NÃO FAÇA PARA O OUTRO AQUILO QUE VOCÊ NÃO GOSTARIA QUE FIZESSEM COM VOCÊ.
Como será que as pessoas com deficiência são tratadas em meio a uma rotina diária tão stressante? Será que os direitos que elas tem são respeitados? Lugar preferencial, prioridade na fila, atendimento preferencial. Todos esses direitos existem por lei, mas será que todos eles são seguidos a risca?
Realmente é uma questão para se pensar, porque para encarar uma rotina diária e ainda lidar com as limitações, tem que ter PEITO e muita, mais muita força de vontade.
Nunca pensei que fosse tão difícil lidar com todas essas barreiras, e sinceramente tem dias que me levanto da cama, olho no espelho e digo: SÓ POR HOJE, SOMENTE POR HOJE EU QUERIA TROCAR DE LUGAR COM UMA DESSAS PESSOAS QUE FAZEM DE CONTA QUE NÃO EXISTO, E APENAS OBSERVAR COMO ELA IRIA SE SENTIR NÃO SENDO VISTA PELA SOCIEDADE.

terça-feira, 3 de maio de 2011

PARA REFLETIR - OLHOS AZUIS (JANE ELLIOTT)

Quando vieram contra os negros, eu não era negro e não fiz nada.
Quando vieram contra os favelados, eu não era favelado, não fiz nada.
Quando vieram contra os homossexuais, eu não era homossexual e não fiz nada.
Quando vieram contra as mulheres, eu não era mulher e não fiz nada.
Quando vieram contra os desdentados, eu não era desdentado e não fiz nada.
Quando vieram contra os analfabetos, eu não era analfabeto, não fiz nada.
Quando vieram contra os pobres, eu não era pobre e não fiz nada.
Quando vieram contra os cegos, eu não era cego, não fiz nada.
Quando vieram contra os aleijados, eu não era aleijado e não fiz nada.
Quando vieram contra os outros, o assunto não me dizia respeito e não fiz nada.
Quando vieram contra mim, ninguém me defendeu.
Quem não é vitima de discriminação e abuso sempre pensará que o sofrimento do outro não é grande coisa, que é exagero.
Alguns acham que discriminação nem existe, que não existe discriminação contra negros, contra mulheres, contra homossexuais, aleijados, favelados, pobres.
Assim seguimos e fazemos todos os dias, desprezamos ou diminuímos o sofrimento alheio. Não dando atenção à dor do outro nos condenamos a sofrermos em silêncio, a sofrermos sozinhos a nossa própria dor. O preconceito só existe porque o silêncio favorece os opressores. Quem, acovardado, se omite, concorda com o abuso. Quem concorda com o abuso, será abusado ouvindo o silêncio cúmplice dos outros. E tudo parece muito normal, tão normal quanto sofrido e solitário.

Aquelas frases acima poderiam ser reescritas assim?

Quando vieram contra os negros, eu não era negro e não fiz nada e, calado,
também eu era contra os negros.
Quando vieram contra os homossexuais, eu não era homossexual e não fiz nada e, calado, também eu era contra os homossexuais.
Quando vieram contra as mulheres, eu não era mulher e não fiz nada e, calado, também eu era contra as mulheres.
Quando vieram contra os desdentados, eu não era desdentado e não fiz nada e, calado, também eu era contra os desdentados.
Quando vieram contra os analfabetos, eu não era analfabeto, não fiz nada e,
calado, também eu era contra os analfabetos.
Quando vieram contra os favelados, eu não era favelado, não fiz nada e, calado, também eu era contra os favelados.
Quando vieram contra os pobres, eu não era pobre e não fiz nada e, calado,
também eu era contra os pobres.
Quando vieram contra os cegos, eu não era cego, não fiz nada e, calado, também eu era contra os cegos.
Quando vieram contra os aleijados, eu não era aleijado e não fiz nada e,
calado, também eu era contra os aleijados.
Quando vieram contra mim, ninguém me defendeu, usaram o silêncio e a
indiferença para apoiar meus inimigos.

Uma lição a ser aprendida: o que nos faz iguais é que somos, todos, diferentes uns dos outros. De onde vem o medo de ser diferente? Do silêncio? Por quê?



MUITO PRAZER, EU EXISTO


Depois de tantos temas discutidos nesse projeto, nada melhor do que encerrar essa minha participação descrevendo um pouco do que representa o fato de existir dentro dessa grande sociedade, formada por uma mistura de raças e cores.
Hoje posso enxergar com mais clareza o quanto é difícil entrar para uma sociedade onde o tempo passa mais do que depressa, onde as pessoas são dominadas pela correria diária, onde um minuto de atenção de quem quer que seja é praticamente impossível.
Descrevo o que vejo quando ando pelas ruas, e acreditem ou não essa é uma realidade nua e crua, uma sociedade atordoada, sem tempo para nada. E em meio a tudo isso como deve ser quando se tem que lutar para ser enxergado ao menos uma vez, para ter seus direitos respeitados, ou simplesmente para ser tratado como um cidadão comum?
Por muitas vezes achei que jamais teria o direito de ser vista por uma sociedade que até os dias de hoje é repleta de preconceito, por tantas vezes chorei de raiva por não ser ouvida e não poder lutar pelos meus direitos.
A vida me ensinou a dar os primeiros passos, a encarar os meus medos, a lutar pelo o que eu quero, e tudo isso só foi possível graças a linda família que tenho, meus pais e minha irmã que desde o primeiro momento sempre estiveram comigo me ajudando a seguir o melhor caminho.
Aos 26 anos de idade, estou realizando um sonho de transcrever todas as minhas vivências e tentar passar para todas as pessoas um pouco da minha história de vida, um pouco da minha satisfação em trabalhar com um assunto tão abordado nos dias de hoje, a inclusão social.
Todos nós sabemos que o tema “INCLUSÃO SOCIAL” está se tornando cada dia mais comum em todos os lugares da cidade, e cabe a cada um de nós o exercício de experimentar a cada dia uma forma de abordar esse assunto.
E se em algum momento da sua vida você se sentir invisível, excluída dessa sociedade formada por uma grande mistura de povos, não pense duas vezes, seja cara de pau e diga para todos:

MUITO PRAZER, EU EXISTO!

AMIZADES, NAMOROS, PAQUERAS: BARREIRAS, MEDOS E ANGÚSTIAS ENFRENTADAS POR UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

Quando somos crianças temos em nossa vida algumas pessoas que consideramos essenciais em nossa vida, nossos pais, nossos tios, avós. Temos alguma pessoa que consideramos muito importante e que sem ela a vida não teria graça.
Nessa época começam a surgir as primeiras amizades com o início da alfabetização, aparecem na escola os grandes amiguinhos que convivem com a gente durante boa parte do ano, e muitas vezes nos acompanham em atividades fora da escola. Quem é que nunca pediu pra ir a casa de um amiguinho quando era criança, ou pediu pra levar um amiguinho em casa?
A medida que crescemos vamos conhecendo novos amigos e aumentando o círculo de amizades, e dentre essas amizades surgem também as primeiras paqueras, que logo mais passam a ser um namoro sério.
E é assim que acontece com cada um de nós, quando somos crianças temos a proteção de nossos pais e estamos conhecendo o mundo, e a medida que vamos crescendo descobrimos que precisamos abrir nossas asas e voar para um novo lugar, superando obstáculos e dando um passo de cada vez.
Mas será que quando nascemos com alguma limitação as coisas acontecem da mesma maneira? Ser diferente interfere na busca por um relacionamento?
As respostas dessa pergunta podem estar no final desse capítulo, e cabe a cada um tirar a sua própria conclusão. Mais uma vez para exemplificar o texto vou contar um pouco das minhas relações com amigos, algumas paqueras e um namoro que não deu certo.
Comecei minha jornada na escola desde muito cedo, pois meus pais trabalhavam e como minha avó tinha receio de ficar comigo por conta da minha deficiência fui para a escola onde minha mãe me deixava as 7:00 e me pegava as 18:00. Na escolinha eu pude desenvolver minha coordenação motora, e foi na escolinha que aprendi a andar aos 4 anos de idade, quando a diretora surpreendeu minha mãe que ao chegar na escola me viu em pé encostada na parede aos prantos e a diretora a proibiu de me pegar e disse que era para eu ir até a minha mãe. E foi a partir dessa atitude que eu comecei a andar, e minha mãe percebeu a importância daquele momento para o meu desenvolvimento.
Passada a fase do berçario, passei para a fase de alfabetização onde posso dizer que foi uma fase tranquila, ficava de manhã com a minha avó e ela me levava a tarde pra escola. O período da pré escola foi cheio de grandes descobertas, de muitas amizades, e de muito carinho por parte das professoras.
Quando entrei para a primeira série do ensino fundamental algumas coisas começaram a mudar, os colegas de classe tinham olhares diferente por conta das minhas limitações. Começava naquele momento a minha luta contra o preconceito, a luta para ser aceita pelos colegas e não ser excluida da turma. Eram dias e dias na sala da diretora aos prantos porque todos me excluiam de alguma forma, e assim foi até o término do colegial sem grandes amizades, sem grandes conquistas, apenas um grande esforço para superar a intolerância dos colegas e tentar uma maior proximidade.
Na faculdade tudo foi bem diferente onde eu amadureci e descobri que as pessoas tinham que me aceitar como eu era, e se isso não acontecesse elas não poderiam ser minhas amigas. Foram quatro anos e meio até eu me formar e da faculdade também não trouxe grandes amizades, daquelas que ficam pra sempre, apenas alguns colegas que de vez em quando tenho contato.
Nesse priodo entre o Ensino Médio e  a faculdade nunca tive nenhuma paquera, e a única relação de namoro que tive durou cerca de dois anos e acabou porque descobri que ele não me aceitava como sua namorada na frente dos amigos, pois tinha medo de perder os amigos quando eles descobrissem que eu tinha uma deficiência.
Após o relato acima será que para as pessoas com deficiência essas relações de amizade e namoro acontecem da mesma maneira? Ter uma amizade ou namorar alguém com deficiência tem alguma diferença?
Se pararmos para refletir sobre essas duas questões poderiamos pensar no que hoje chamamos de padrão da normalidade, ou seja, uma namorada/namorado ideal tem que ter um corpo bonito, tipo violão, sarado, moreno (a). Tem que ser perfeito, caso contrário não está de acordo e pode nos fazer passar vergonha. Hoje eu estou solteira, por opção talvez. Mas prefiro acreditar que ainda não encontrei a pessoa certa, alguém que seja capaz de me amar e me aceitar como sou.
No caso da amizade podemos dizer que o amigo (a) precisa ser corajoso para enfrentar os outros colegas que tem o preconceito em mente. Quanto as minhas amizades posso dizer que tive grandes amizades, alguns desses amigos partiram para uma outra vida, outros se foram sem a menor explicação e deixaram saudades e muita tristeza em meu coração. Hoje eu tenho presente em minha vida uma pessoa que eu tenho como minha irmã de coração. Nos conhecemos em 2008 quando eu estudava onde ela dava aulas de inglês, e desde de o primeiro instante ela sempre teve um carinho e um respeito muito grande por mim.
Minha amiga Angie, hoje muito mais que minha amiga, está presente em muitos momentos da minha vida, já rimos e choramos juntas muitas vezes e eu faço questão de dividir com ela cada momento da minha vida. Ela sempre teve um carinho, um cuidado comigo como de irmã, e nunca me deixa ficar triste com as coisas que acontecem comigo. Estamos juntas em vários momentos e se tem algum lugar pra ir como shows, teatros e cinema, a gente da um jeito pra ir junto.
Com ela eu me sinto muito segura, sem medo de enfrentar os obstáculos porque eu sei que se eu precisar ela estará sempre por perto. São tantas coisas que tenho para falar dessa minha amiga, dessa minha grande amizade que um capítulo só é pouco. Mas o que mais admiro nessa minha amiga é a sua sinceridade e cumplicidade, ela nunca me negou um minuto do seu tempo nas horas em que mais precisei, e para ela eu não tenho deficiência sou uma pessoa como qualquer outra. Isso é o que me deixou mais feliz, o fato de me enxergar como uma pessoa normal, sem ter deficiência.
Para encerrar esse capítulo quero deixar algumas palavras que com certeza servirão para reflexão de cada um, e posteriormente trarão alguma resposta para as perguntas feitas nesse capítulo.
O padrão de normalidade pode estar dentro da cabeça de cada um de nós, o que para um é o ideal para o outro pode não ser. Não julgue as pessoas apenas pelas limitações que elas venham a ter, as vezes o seu julgamento pode estar errado, e você pode estar desperdiçando a chance de começar uma amizade ou até mesmo um namoro.
Aprenda a apreciar o outro da maneira como ele é, com seus defeitos, suas qualidades, seu modo de pensar e agir. Julgar o outro pela aparência pode trazer graves consequências para nós mesmos.

“A DIFERENÇA FAZ PARTE DA VIDA, BASTA VOCÊ APRENDER A CONVIVER COM ELA DE MANEIRA SAUDÁVEL SEM PREJUDICAR AO OUTRO E A SI MESMO.”



segunda-feira, 2 de maio de 2011

MERCADO DE TRABALHO, UMA GRANDE CONQUISTA PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Entrar para o mercado de trabalho hoje em dia é com certeza uma meta para grande parte da sociedade, onde todos sonham em conquistar a sua indepêndencia financeira e buscar seu espaço dentro da sociedade.
O primeiro emprego pode ser o caminho para o início de uma grande carreira profissional, e requer muito empenho e dedicação para alcançar novos objetivos.
Para a pessoa com deficiência, o primeiro emprego também tem os mesmos significados, mas talvez com uma dose a mais de empenho e dedicação.  Para nós, pessoas com deficiência, algumas coisas são diferentes a começar pelo processo seletivo onde este é feito separadamente e só podemos ser contratados como efetivos, uma vez que somos contratados pela lei de cotas onde cada empresa a partir do número de funcionários tem uma cota para a contratação de pessoas com deficiência.
Quando conseguimos passar por esse processo seletivo e passamos a fazer parte do mercado de trabalho, tudo se transforma e passaremos então a mostrar as nossas qualificações, e dar sempre o melhor.
Hoje, já estou em meu segundo emprego, e posso dizer que só tenho colhido bons frutos com tudo o que venho aprendendo e fazendo. Claro que sempre tentando melhorar e buscar novos desafios, sempre tentando dar o máximo nas funções que exerço dentro da empresa.
O mercado de trabalho está cada vez mais abrindo as portas para as pessoas com deficiência, em busca de grandes talentos e de pessoas que queiram mostrar o seu melhor. As empresas estão se adequando as normas e se reestruturando para receber esses funcionários, tornando a cada dia a inserção destas pessoas no mercado de trabalho uma prática comum.
A quem diga que a lei de cota é apenas mais uma forma de discriminação, uma vez que só se enquadra para determinados grupos de pessoas. Ao invés de pensar dessa maneira, prefiro pensar que a lei de cotas foi criada para facilitar a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, possibilitando a elas mostrar todo o petentencial, toda a força de vontade que tem de se tornar alguém independente, alguém capaz de construir o seu próprio caminho.
Ressalto nesse capítulo, que para que essa entrada no mercado de trabalho seja feita da melhor maneira possível, é preciso que estejamos preparados para as exigências do atual mercado, faculdade, cursos extra curriculares. Temos sempre que estar atentos as mudanças constantes, e sempre pensar positivo, almejando sempre o lugar mais alto. As empresas estão cada vez mais engajadas nesse processo de inclusão social, e para que elas possam dar continuidade no trabalho é preciso que a cada dia sejam descobertos novos talentos, pessoas com deficiência ou não, porque o que importa realmente é a sua qualificação.





APRENDER A LÍDAR COM AS LIMITAÇÕES E SUPERAR OS OBSTÁCULOS DO DIA A DIA

Quando somos crianças costumamos ter sempre por perto a proteção dos nossos pais em qualquer lugar, em qualquer situação. Para as pessoas com necessidades especiais é muito comum ouvirmos falar no termo “redoma de vidro”, que pode ser explicado facilmente se pensarmos em uma borboleta trancada dentro de um vidro, que está louca para voar e encontrar o seu caminho.
Mas como será para nós, pessoas com necessidades especiais, sair e enfrentar esse mundo a fora? Será que seremos tratados como todas as outras pessoas? Teremos os nossos direitos respeitados? Receberemos ajuda quando necessitarmos?
São questões difíceis de ter uma resposta imediata, mas que muitas vezes precisam de um bom tempo para se pensar e dar a resposta correta. Se andarmos durante um mês por ruas de várias cidades e várias regiões encontraremos inúmeras irregularidades no que diz respeito ao direito da pessoa com necessidades especiais.
 O transporte público está longe de ser um transporte ideal para se usar para qualquer pessoa, onde todos os dias vemos as pessoas sendo transportadas como se elas fossem animais, se espremendo e sendo empurradas de todos os lados, e sofrendo quedas pela irresponsabilidade de alguns motoristas. Uma pessoa com necessidades especiais tem na teoria o seu lugar reservado indicado com cores diferentes nos ônibus e no metro. E elas também não precisam ficar na fila para entrar. Mas, será que na prática isso funciona? Existem mesmo vagões especiais?
E como será que nós pessoas com necessidades especiais nos sentimos quando temos que realizar determinadas atividades e para isso precisamos da ajuda do outro? Será que depender do outro para algumas atividades corriqueiras é uma situação confortável?
Imagine que você foi a um restaurante com seus colegas de serviço e como você tem mobilidade reduzida em um dos braços vai precisar pedir ajuda a um deles para se servir, e eventualmente te ajudar a cortar algum alimento. Para algumas pessoas não há nada de errado em pedir ajuda a um colega mesmo que você não tenha muita intimidade com ele, mas para outras pessoas isso pode ser uma situação extremamente desconfortável, pois de todos você é o único que não consegue se virar sozinho. Tudo é uma questão de ponto de vista, de aceitar os próprios limites, e de perder o medo de se mostrar da forma que se é. Por que temos medo de assumir que temos limitações? Por que temos tanto medo de admitir que precisamos da ajuda do outro?
Essas são questões para que todos reflitam e tirem suas próprias conclusões, afinal essa é a idéia do projeto, fazer com que os leitores reflitam sobre os meios de inclusão e levem para vários ambientes essa bela discussão chamada de: “INCLUSÃO SOCIAL”.

“SER DIFERENTE É NORMAL”

Uma visão diferente sobre inclusão social descrita por uma pessoa com deficiência.

Para esse projeto elaborei um questionário com o objetivo de coletar dados sobre o dia a dia, o convívio das pessoas com deficiência em meio a sociedade, a relação com a família, com os amigos, os medos, os aprendizados, as conquistas, e tudo sobre a relação no meio social.
Quando uma família recebe a grande noticia de que a chegada de um bebê está próxima, começam os preparativos para essa grande data, onde toda a família se organiza e faz inúmeros planos para que esse bebê seja bem recebido no novo lar. Mas tudo se transforma em segundos, quando os pais recebem a notícia do médico de que o bebê nascerá com uma má formação.
Em 16 de junho de 1984, nasce aos sete meses a pequena Roberta com o diagnóstico de hidrocefalia, deficiência causada pela interrupção da passagem do líquido amniótico pelo cérebro, gerando um acúmulo e comprimindo o crânio. Com o diagnóstico feito, foi preciso realizar a cirurgia para a implantação de uma válvula para a drenagem do líquido, foram feitas duas cirurgias aos três dias de vida e outra aos 11 meses para a implantação das válvulas do lado direito e do lado esquerdo. Para o neurocirurgião as seqüelas poderiam ser diversas, inclusive a possibilidade da menina não poder andar.
 Após a realização das cirurgias, começou-se uma intensa rotina de fisioterapia e terapia ocupacional para que Roberta desenvolve-se cada vez mais os seus movimentos e a sua coordenação motora. Os primeiros passos foram dados com o auxílio da escola infantil que incentivava a todo o momento o desenvolvimento da menina, que começou a andar sem a ajuda dos pais, aos quatro anos de idade. A partir daí o desenvolvimento de Roberta era cada dia melhor com a ajuda das terapeutas e das tias da escola.
Quando ingressou no ensino fundamental a relação com os colegas de classe não foi muito fácil, pois devido às limitações que ficaram em função da deficiência os colegas tiravam sarro. Ainda nesse período precisou fazer nova cirurgia aos 12 anos, para a troca de uma das válvulas. Durante boa parte do período escolar, Roberta enfrentou muitos preconceitos, e por conta disso começou a fazer tratamento terapêutico para aprender a lidar com esse olhar diferente dos colegas.
Ao término do Colegial, entrou para a faculdade de psicologia onde cursou quatro anos e meio, sem maiores problemas com os colegas de classe. Os problemas com o preconceito eram visto na própria sociedade, nos ônibus, e nas ruas. Mas com a ajuda da psicóloga, ela conseguiu superar as barreiras. Aos 24 anos conseguiu seu primeiro emprego, e hoje aos 26 anos, já formada está trabalhando a seis meses em outra empresa e se sente muito feliz e realizada com suas conquistas.
A história acima contada é a minha história, a minha vida. Quando se fala de inclusão social, imaginamos que ela existe, porém muitas vezes ela parece estar escondida em algum lugar onde não é possível encontrar. Ao ler os questionários que recebi, foi possível perceber que existem muitas pessoas que se preocupam com a inclusão social, que vêem e convivem com pessoas com deficiência, e que principalmente dão a essa pessoas o grande prazer de serem amadas e aceitas da maneira que elas são com as limitações que elas têm. 
Um ponto muito mencionado nos questionários foi a questão das mudanças ocasionadas com a relação estabelecida com a pessoa com deficiência, onde as pessoas relataram que estar ao lado de alguém com algum tipo de deficiência traz muitas coisas boas, há uma troca de aprendizado, e principalmente  há um crescimento pessoal imenso.
Após ler e reler os questionários tenho uma definição própria para todas essas pessoas que nos enxergam como pessoas normais e muito capacitadas a fazer qualquer coisa.
“Quando nascemos com alguma deficiência, somos acometidos pela insegurança, pelo medo, pela falta de perspectiva. Somos seres fragilizados em busca de alguém que nos possa acolher e aceitar da maneira que somos, e nos sentimos imensamente felizes quando encontramos essa pessoa. Essa pessoa que nos recebe de braços abertos sem julgamentos passa a ter um papel especial em nossas vidas, onde ela sempre nos acolhe e nos mostra o melhor caminho a seguir, e faz tudo isso sem pedir nada em troca, e sem nos olhar com pena. A todas essas pessoas eu daria o nome de ANJOS DA GUARDA, pessoas que zelam pelo nosso bem estar e que se sensibilizam a cada conquista nossa.”
A inclusão social existe na vida de cada pessoa, e para que ela seja vista de maneira clara e objetiva é preciso que cada um de nós, deficientes ou não, passe a olhar o mundo a sua volta respeitando sempre as limitações do outro, na forma de pensar, na maneira de agir.
Para finalizar o texto, gostaria de deixar uma frase que faz todo o sentido, e dizer que inclusão social para acontecer necessita apenas de bom senso e força de vontade.
Essa frase serve para cada um de nós refletirmos e ter a certeza de que tudo o que é IGUAL acaba se tornando com o tempo chato e sem graça.

“POR QUE SER IGUAL A TODO MUNDO, SE NEM OS DEDOS DAS MÃOS SÃO IGUAIS?” 
Aposto que você nunca tinha pensado dessa forma, não é mesmo? É por isso que o título para o texto não podia ser outro, porque sem sombra de dúvidas:

“SER DIFERENTE É NORMAL.”

CERTO OU ERRADO?

Para dar início ao tema proposto para esse projeto, que visa descrever um pouco mais sobre a inclusão social das pessoas com deficiência dentro da sociedade atual, resolvi partir de um começo talvez desconhecido por muitas pessoas, mas que faz todo sentido para entender o objetivo maior do projeto que é a inserção das pessoas com deficiência em um meio social.
Vamos então ao que interessa, meu nome é Roberta, tenho 26 anos e sou formada em Psicologia pela Universidade São Marcos. Moro com meus pais e tenho uma irmã de 20 anos, e tenho na minha família um espelho a ser seguido. Estou escrevendo esse projeto por que...
Nesse momento vocês devem estar se perguntando: Será que ela se esqueceu de terminar a fala? Ou será que ela fez de propósito, para que ficássemos pensativos?
Na verdade, parei a frase, pois até hoje não sei que a maneira para se referir a pessoas como eu. Como ficaria melhor o término dessa frase?
Estou escrevendo esse projeto por que sou uma pessoa com necessidades especias.
Estou escrevendo esse projeto por que sou uma pessoa com deficiência.
Estou escrevendo esse projeto por que sou uma pessoa portadora de deficiência.
Estou escrevendo esse projeto por que sou uma pessoa portadora de necessidades especiais.
Baseada em minhas vivências e em algumas aulas que tive na faculdade sobre uma matéria especifica sobre este tema, vou descrever o que aprendi e entendo sobre cada um dos termos em negrito.
PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAS: hoje em dia é um dos termos mais utilizados por toda a sociedade, e tido como o mais correto para descrever uma pessoa que tenha alguma limitação. Mas fica aqui uma grande pergunta, qual de nós não teve ou têm até hoje alguma necessidade especial?
PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA: É possível alguém portar uma deficiência? De acordo com o significado da palavra portador no dicionário, portador é alguém que porta alguma coisa em determinado momento. Como exemplo, posso citar uma pessoa que em um dia de chuva porta um guarda chuva e a qualquer momento pode deixá-lo em algum lugar. É possível fazer isso quando se tem uma limitação, escolher o dia em que se quer estar com ela ou não?
PESSOA COM DEFICIÊNCIA: Esse é um dos termos mais incorretos e odiados por grande parte da sociedade e pelas pessoas com limitações, pois é um termo considerado grosseiro e agressivo.
PESSOA PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS: A meu ver essa terminologia é a mais incorreta, uma vez que ninguém porta uma deficiência, e todos temos alguma necessidade especial.
Após essas explicações, será que realmente existe uma forma correta para se referir as pessoas que são um pouco diferentes do que chamamos de padrão da normalidade? Ou será que ao invés de tentar descobrir qual é o certo ou errado, passamos a chamar a todos pelo próprio nome?
Todos nós temos limitações, todos nós temos necessidades especiais. Então para que ficar inventando meios de amenizar certos constrangimentos, ou tentar criar maneiras de se referir ao próximo sem antes perguntar como ele gostaria de ser chamado?
É muito lindo na teoria criar meios para tornar a inserção do outro que é DIFERENTE menos complicada, com leis e mais leis, e novas terminologias para esse DIFERENTE. Mas como funciona isso na prática? Será que pararam para pensar se essas pessoas querem ser tituladas dessa maneira?
A realidade é uma só, quem define qual a melhor maneira para descrever essas pessoas DIFERENTES, MAS NÃO DESIGUAIS são elas mesmas.  Somente nós podemos definir a maneira que gostaríamos de sermos chamados, pelo nome, pelo apelido, pessoa com deficiência, pessoa com necessidades especiais.
Nesse jogo de palavras não existe certo nem errado, o que vai definir o certo ou o errado é a forma, a maneira com que as palavras foram ditas. Devemos sempre prestar atenção em tudo o que falamos, pois uma única palavra pode ter diferentes interpretações podendo alegrar ou magoar uma pessoa.
E se ao chegar dessa leitura você ainda não souber qual a melhor forma de se referir a essa pessoa, não se preocupe faça o mais simples e mais bonito: CHAME-A PELO NOME.